quinta-feira, 19 de março de 2009

O ÚLTIMO PIO DE ZABELÊ


Zabelê, sanfoneiro e repentista oficial do bando, disse em depoimento que foi o próprio Lampião quem fez a letra e música de Mulher Rendeira. Ao contrário do que vinculou os jornais da época ele não foi um dos que foram decapitados em Angicos. Prova disso é que lançou um livro, muitos anos depois entitulado: “Na Terra de Lampião”.

O bando de Lampião era composto por mais de cem homens, tinha um tipo de “estado-maior”, formado pelos homens de mais confiança. Então, normalmente, para confundir as volantes, Lampião dividia o bando em três grupos, sendo um liderado por ele próprio e os outros dois, pelos seus “lugares-tenentes”. Foi por causa dessa estratégia que alguns do bando escaparam à emboscada em Angicos, como Zabelê e Corisco.

Zabelê foi o primeiro a rotular Maria Bonita como a Rainha do Cangaço. Seu nome verdadeiro era Isaías Vieira e seu apelido pode ter sido originado da ave brasileira da família dos tinamídeos, medindo entre 33 e 36 cm, também chamada de zabelê ou zebelê. É na verdade uma supespécie do jaó-do-litoral e sul do Brasil, do qual difere principalmente pelo coloridomais pálido. Habita as matas de Minas Gerais e Nordeste do Brasil. Na caatinga recebe nome de zambelê.

Em “Cangaço”, espetáculo premiado no Edital Manoel Lopes Pontes, de Estímulo a montagem de Teatro no Estado da Bahia, promovido pela Funceb, Secretaria de Cultura, Fundo de Cultura, Governo do Estado da Bahia, Zabelê é interpretado pelo ator Bruno Martinelli. É ele quem comanda a primeira cena da peça, ao capturar, juntamente com Ezequiel e Azulão, o coiteiro traidor Antonio de Pissara. Bruno é estreante. Estará sendo submetido ao batismo da ribalta, quando as cortinas se abrirem na noite de 09 de abril de 2009, no Teatro Municipal de Ilhéus.
O cangaceiro Zabelê foi preso logo após a morte de Corisco, em 1940. Anos depois foi solto, voltou para a roça, e lá aprendeu a ler e escrever e publicou o livro que citei logo no início deste artigo.

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