quinta-feira, 12 de março de 2009

AZULÃO DA EMA


Ele era um mulato valente, comunicativo e forte. Chamava-se Mariano da Silva, natural de Várzea da Ema, Estado de Sergipe. Desde criança apresentava má índole e, no cangaço, aperfeiçoou seu instinto. Era filho de uma família de bons princípios, o único desajustado dos demais. Azulão seduziu uma irmã. O povo de sua terra ficou revoltado e resolveu linchá-lo. Conseguindo escapar da fúria que o cercava, fugiu para o cangaço de Lampião, permanecendo três anos no grupo. Fez várias visitas à família. Seus pais se retiravam, ao avistá-lo de armas em punho e cartucheiras cruzadas.
Em “Cangaço”, Azulão, personagem interpretado pelo ator e diretor de teatro Ciro Nonato é um fiel escudeiro de Virgulino e amigo de Ezequiel. Conhece um jeito fácil-fácil de fazer os traidores falarem:
- “É só engatilhar a carabina. Apontar para os “quase-nada” do cabra, apertar o gatilho e...”
Azulão, personagem de “Cangaço”, assim como o verdadeiro cangaceiro sergipano, sofre o mesmo destino pelas mãos do cangaceiro que ele menos esperava. Causando dor e revolta ao seu melhor amigo.
Ciro Nonato começou no Teatro em 1987, com o padre e diretor de teatro Joelson Dias, com sua Sociedade Experimental de Teatro – SETA, estreiando com o espetáculo “Grito”. Percebeu que podia levar o processo de criação adiante e fundou o Grupo Independente União Franciscana - GIUF, ligado a Igreja Católica. Tempos depois montou o grupo Estripulia de Teatro onde dirigi e produz até hoje. Neste grupo já nasceram os espetáculos: “A Formiga Fofoqueira” e “O Jardim das Borboletas”. Ciro também é quadrilheiro. Foi o mentor e produtor da Quadrilha Junina Forró do Dinossauro, ganhadora de diversos prêmios pelos festivais que tem se apresentado.
Em “Cangaço”, espetáculo premiado com o Edital Manoel Lopes Pontes de Estímulo a Montagem de Teatro do Estado da Bahia, promovido pela Funceb, Fundo de Cultura, Secretaria Estadual de Cultura, Secretaria Estadual da Fazenda, Governo da Bahia e apoiado pela Fundação Cultural de Ilhéus e Diário de Ilhéus, Ciro empresta toda a sua habilidade e humor a Mariano da Silva, cujo apelido não fazia jus a sua perversidade, mas o tornou conhecido no bando de Virgulino Ferreira da Silva, durante os três anos que lá permaneceu até morrer em um tiroteio em Monte Alegre, Estado de Sergipe.

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