quarta-feira, 22 de julho de 2009

28 de Julho de 1938: O ANO EM QUE O SERTÃO PAROU

Era uma madrugada fria, como todas as outras no sertão. O bando estava reunido, discutindo os últimos detalhes das novas investidas. Maria Bonita havia pedido a Virgulino que abandonasse tudo, que tomasse outro rumo. Parecia pressentir alguma coisa. Virgulino não deu ouvidos, continuou os planos, as estratégias de vingança, as deconfianças que lhe pairavam à cabeça.
O bando estava diminuindo. Os macacos cada vez mais perto. Mas, antes de partir deste mundo, Virgulino precisa cumprir uma última missão. Encontrar o miserável traidor que o entregou a volante, em Piranhas, na cidade de Alagoas.
A reunião terminou por volta da meia noite. Cabelêra e Pai Véio sentiram uma tontura ao beber o vinho que o cumpadre Cândido tinha mandado para o capitão. Virgulino também sentiu um mal-estar. Mas achou que a carne não estava boa. Foi descansar ao lado de Maria, que já dormia.
Nem bem o dia clareou, um grito distante ecoou sufocado por um estalo. Virgulino abriu os olhos. Maria corria feito louca. Os cabras também.
Os tiros cairam feito chuva. Não houve tempo de reagir. Quando o silêncio e a ordem de "cessar fogo" ocorreu, apenas uma marola percorria os espinhos da caatinga e o sangue negro, descia lentamente pelas pedras escorregadias de Angicos.

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