No dia 02 de junho de 2012,
estive participando do lançamento do livro “Lampião Contra o Mata Sete”, do
delegado Archimedes Marques, na capital sergipana.
Evento bastante esperado, acabou
confirmando as melhores expectativas pelo grande número de afeiçoados pelas
coisas nordestinas, as lides cangaceiras de outros tempos, que ali compareceram
para prestigiar o autor. E também saborear comidas típicas do ciclo junino.
Voltei com o belo exemplar
debaixo do braço e muito agradecido pelo que pude presenciar. Numa roda à parte
dos convidados estava a nata pesquisadora, entusiasta e escritora sobre a saga
do cangaço. Pessoas que acompanham eventos cangacistas onde eles ocorram.
Mesmo adoentado, Alcino Alves
Costa, escritor sertanejo de renome nacional, proseava com o também escritor
João de Sousa Lima, um pauloafonsino que leva a vida nos passos de Maria Bonita
e do Capitão. E para surpresa maior ali também estava o verdadeiro mecenas da
literatura nordestina, o Francisco Pereira Lima, mais conhecido como Prof.
Pereira.
Aliás, diz o cartão de visitas do
Prof. Pereira que o mesmo é especialista em livros do cangaço, movimentos
messiânicos, coronelismo e temas afins. Mas é muito mais, pois responsável pela
publicação e reedição de importantes obras sobre tais temas, e que somente
através dele puderam chegar ao conhecimento dos pesquisadores e novos leitores.
Pois bem, enquanto Alcino, João
de Sousa Lima e Prof. Pereira proseavam sobre as trilhas lampeônicas e outras
trilhas da história, o delegado e escritor Archimedes Marques autografava
livros mais adiante. Aproximei-me com exemplar à mão e logo o mesmo repetia
sobre o meu nome também estar constando nas referências bibliográficas, através
de artigos e crônicas que subsidiaram a obra.
Tinha
fundamento a preocupação do escritor, pois o seu livro é praticamente uma
contestação, um contraponto a outro livro proibido pela justiça de ser lançado
em Sergipe. De autoria do advogado e juiz aposentado Pedro de Morais, o livro
“Lampião, o Mata Sete”, até hoje continua sendo objeto de apreciação recursal,
vez que um juiz de primeiro grau impediu o seu lançamento.
Acatando ação promovida por
familiares de Lampião e Maria Bonita, o livro “Lampião, o Mata
Sete” foi proibido de ser lançado. O magistrado de primeiro grau
proibiu que o seu teor chegasse ao conhecimento do público por ferir a honra, a
imagem, a dignidade, enfim, os direitos da personalidade de Virgulino Ferreira
da Silva, o Lampião.
E tudo porque o livro proibido
insinua e tenta provar que o Rei do Cangaço era gay, homossexual. E também que
o mesmo não podia gerar filhos e que Maria Bonita o traía com um cangaceiro do
próprio bando. E este mesmo seria também o amante de Lampião. Luís Pedro, eis o
nome do cangaceiro. Enfim, a história estaria desandada e a família Ferreira
desfigurada.
Logicamente que os
cangaceirólogos, os pesquisadores do cangaço e grande parte da população
nordestina ficaram revoltados com as aleivosias gratuitas, as calúnias e
difamações levadas a efeito, sem qualquer fundamento de verdade, contra um dos
símbolos maiores da história nordestina e brasileira. Ferir simplesmente por
ferir a honra pessoal e familiar daqueles dois, com único objetivo de atrair
holofotes, seria algo inaceitável diante da seriedade em que se assenta a
história do cangaço.
E lembro como hoje o instante que
um amigo de Archimedes chegava ao meu escritório, em nome dele, para xerocar o
livro proibido. O autor, amigo do meu pai Alcino Alves Costa, dedicou-lhe o
livro antes mesmo de ocorrer a sanção judicial. E o livro estava comigo. E a
partir daquele instante Archimedes começou a traçar as linhas da resposta que
daria ao embusteiro e mentiroso sobre a vida do rei dos cangaceiros.
Daí ter nascido o “Lampião Contra
o Mata Sete”, como confrontação e contestação a tudo aquilo que levianamente
fora exposto no “Lampião, o Mata Sete”. E as respostas são apresentadas como se
fossem teses derrubando os argumentos apresentados no livro proibido. Quer
dizer, as presunções e suposições mentirosas dão lugar a fatos com força de
veracidade e fere de morte o invencionismo maldoso e leviano.
E tais teses, apresentadas em
capítulos, são: A Origem do Mata Sete e a resposta de Lampião; O porquê da luta
de Lampião Contra o Mata Sete; Uma “Malaca” nas orelhas do Mata Sete; Oleone
como coiteiro do Mata Sete; O Mata Sete insulta a História, ultrapassa direitos
e indigna muita gente; O Mata Sete contra a família Ferreira; O Mata Sete e o
“Menino Sapeca”; O Mata Sete e o “Lampião Apaixonado”; O Mata Sete e o suposto
“Lampião Eunuco”; O Mata Sete contra os supostos “homossexuais” Virgulino E Zé
Saturnino; O Mata Sete apela ao cangaceiro Volta Seca: O Mata Sete e a
misteriosa Tese da Universidade de Sorbonne; O Mata Sete e os seus “armados e
amados” policiais volantes; O Mata Sete em proteção às autoridades sergipanas; O
Mata Sete e “as travessuras de Maria do Capitão”; A guerreira Maria Bonita
transforma paradigmas e muda o cangaço construindo eterno amor por
Lampião; O cabra-macho Lampião se livrando da máscara do Mata Sete; As demais
trapalhadas do Mata Sete; Será o fim do mata Sete?
Noutra oportunidade certamente
faremos uma análise mais aprofundada sobre o conteúdo e as teses apresentadas
pelo delegado Archimedes, autoridade da história que doravante pode se
reconhecido como aquele que desmascarou de vez a mentira e jogou-a nos porões
do esquecimento.
Publicado por Rangel alves da
Costa, Poeta e cronista.
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário